
“Acreditar. Essa é a palavra mágica!” ainda lembro como se fosse hoje quando Dallyanna, aquela luz de pessoa, vendo o meu cansaço em meio a mais um desânimo profundo com um grupo de teatro novamente com o mínimo do mínimo de pessoas, beirando a extinção. Ainda posso ouvir os meus suspiros seguidos dos risos dela... Dallyanna na verdade tinha sempre uma visão futurista – sonhadora, com os pés no chão, mas sonhadora –. Via além do que qualquer pessoa que conheci. Dizia que pouco importa o que aconteça, mas não devemos desistir nunca (igualzinho o Joseph Klimber (rsrsrs)).
Pois é. Esses dias tive novamente uma crise de desânimo – ah, esqueci de dizer, é o Clenes que vos fala –. E fiquei surdo por alguns instantes. Não consegui ouvir o que a Dally (ela gostava que a chamasse carinhosamente assim) me dizia.
Fui dormir com um cansaço e uma dor de cabeça “das braba”. No sonho (surreal – tenho tido vários ultimamente) consegui enxergar a minha estrela que foi para o céu me falar: “Porquê parar? A estrada é longa e ninguém disse que é fácil percorrê-la”. No sonho, ainda, ela me disse pra olhar o espetáculo: então vi o Arte na Ruína em um palco iluminado de velas e salpicado pela pirofagia de dois personagens enormes sobre pernas de pau. Vi muitas mudanças em um palco humano mas com ares divino. Acho que foi nesse momento que comecei a chorar (Dally ria, claro). Acordei com coração apertado. Reescrevi o roteiro do espetáculo para palco – e seria um desafio montá-lo já para a próxima apresentação (02 e 03 de agosto na ExpoAcre, não percam!).
Ensaiando junto com os jovens-artistas-amigos fiquei “trêmulo sobre a corda bamba”... pensei não ser capaz, ou não bom o suficiente. Novamente pensei
Lembro que saí do ensaio com o coração apertado. Senti uma voz firme ao ouvido dizer para olhar para o céu. Olhei. O que vi? Uma estrela enorme, brilhando. Lembrei de Dally me dizendo, plagiando uma canção que gostava muito, “se a saudade apertar/ procure no céu/ a estrela que mais brilhar/ nela estará o meu olhar...”. E uma lágrima silenciosa desceu por minha face. Senti naquele momento que meu vício pela arte é mais forte do que tudo e que se desistisse estaria traindo os idéias que eu, meus amigos e Dally compactuamos, há muito, num contrato silencioso, sem formalidades e carimbado pelos laços eternos dos sentimentos.
Resultado? Não posso desistir, não agora, não amanhã, talvez jamais.
Temos a ExpoAcre para apresentar, o documentário do Revelando os Brasis para gravar, o mundo para levar nossa arte e mostrar que tudo pode ser diferente.
Por quê? Como Chico Buarque diz, porque temos de ir “até o fim”, ou como Dallyanna Lima tão insistentemente me dizia: porque “para ousar realizar nossos sonhos é necessário previamente ousar acreditar”. Pois é, e eu acredito (e muito!) que o espetáculo não pode parar.