sábado, 26 de abril de 2008

O HOMEM NOVO E A MULHER NOVA



O homem novo e a mulher nova não aparecem por acaso. O homem novo e a mulher nova vão nascendo na prática da reconstrução revolucionária da sociedade. Mas, de qualquer maneira, podemos pensar em algumas qualidades que caracterizam o homem novo e a mulher nova. O compromisso com a causa do povo, com a defesa dos interesses do povo é uma destas qualidades. A responsabilidade do dever, não importa a tarefa que nos caiba, é um sinal do homem novo e da mulher nova. O sentido da correta militância política, na qual vamos aprendendo a superar o individualismo, o egoísmo, é um sinal também, do homem novo e da mulher nova. A defesa intransigente da nossa autonomia, da liberdade que conquistamos, marca igualmente o homem novo e a mulher nova. O sentido da solidariedade, não somente com o nosso povo, mas também com todos os povos que lutam pela sua libertação, é a outra característica do homem novo e da mulher nova. Não deixar pra fazer amanha o que se pode fazer hoje e fazer cada dia melhor o que devemos fazer é próprio do homem novo e da mulher nova. Participar conscientemente, nos esforços da reconstrução nacional é um dever que o homem novo e a mulher nova exigem de si mesmo.
Estudar, como um dever revolucionário, pensar certo, desenvolver a curiosidade diante da realidade a ser melhor conhecida, criar e recriar, criticar com justeza e aceitar as criticas construtiva, combater as atividades antipopulares são característica do homem novo e da mulher nova.
Participando mais e mais na luta pela reconstrução nacional, vamos fazer nascer em nós mesmo o homem novo e a mulher nova.
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Texto - O HOMEM NOVO E A MULHER NOVA/ A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER/Paulo freire / escultura de Wagner San

quarta-feira, 23 de abril de 2008

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Arte na Ruína - "O ensaio surreal do grito sufocado"

Foto - Renato Reis
Foto - Val Fernandes

Arte na Ruína por Renato Reis







Juventude que sabe de juventunde - Foto de Renato Reis e Texto de Yan Chaparro.


Não estive no lugar, mas devido às redes líquidas sociais, pude encontrar este material, a partir de um amigo, e visualizando sua estética a partir da tela de um computador. Ao observar esta delicada expressão, procurei me envolver com os escritos e as figuras ali. Seu cheiro se tornou real, e a inquietude se manifestou junto às luzes das velas, na busca do por que e como se move este sensível fenômeno de uma arte na ruína. Historia, cultura, ambiente, local e sociedade, elementos que aparecem como necessidades, talvez da apropriação do próprio lugar, do encontro corpóreo com um latente possibilitado pela figura estética desta ruína ali. Lembro de Ítalo Calvino, nos seus escritos de “Cidades Invisíveis”, que revela o imaginário possível que sustenta cada lugar, seu valor subjetivo, que compõe um tecido líquido, para dar vida ao ali. É prazeroso conhecer um movimento constituído por arte assim, pois arte em, com e junto a uma ruína, parece revelar a historia no seu abstrato entrelace de presente – futuro - passado. E a maneira própria vista em cada foto, permite compreender uma necessidade daquelas pessoas que passam e ficam ali, se apropriam do que é belo, e se permitem viver junto ao lugar, tudo parece ter vida. A composição estética que pude me envolver revelou uma singularidade vigente, mas que conta sobre um cotidiano também de outros lugares, o ambiente vivido ali traça um delicado diálogo com compostos do ontem e do hoje, na busca de compreensão do todo. Pude sentir violência e paz, pude sinceramente me intrigar ainda mais com o signo do fogo, e sua figura do sagrado. A vontade que me passa agora é saber o que esta acontecendo ai, neste mesmo instante que escrevo, e também em saber sobre e como será o futuro desta manifestação artística, histórica, cultural, política e ambiental.
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O olhar de 2 jovens/Renato Reis-AC e Yan Chaparro-MS ficará registrado aqui, na esperança inusitada de revelar a juventude que sabe de juventude.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Daniel Zen - Expressões artísticas que democraticamente convivem num mesmo ambiente...

Terminada a apresentação do Grupo Arte na Ruína, qual é a sua impressão do espetáculo?





Fiquei surpreso no bom sentido, eu já tinha conhecimento do projeto, sabia que esses jovens já vinham se organizando no sentido de terem um espaço de apresentação e usaram experimentalmente está antiga delegacia para apresentações na área da dança, da musica e de outras expressões artísticas, mas buscando uma nova visão de impressionar o publico, mesmo sabendo do projeto tinha uma noção do que se tratava, mas não tinha noção da amplitude de que se tratava, quando me deparei com varias expressões artísticas que democraticamente convivem num mesmo ambiente, fiquei deveras impressionado em saber que após um dia de planejamento como o de hoje no encontro com produtores culturais do Município no sentido de elaboração de projetos de ações administrativas de como encaminhar as orientações e possíveis soluções apontadas para a cultura local, quais as perspectivas de financiamento, enfim, quando a gente vê o resultado de um trabalho produtivo e fecha o dia com uma apresentação desse tipo com jovens que buscam justamente orientar as discussões num trabalho prático de produção cultural, temos a nítida impressão que estamos fazendo a coisa certa que é de planejar as ações desses agentes culturais e buscar incentivos viáveis através dessas pessoas que pelas suas expressões artísticas e culturais promovem uma consciência agrupadora, que promove a busca do simbolismo da tradição dos valores da comunidade, até mesmo o que é mais caro para o ser humano que é a cultura e como que a clareza dessa questão possa alavancar novos potenciais artísticos, nova projeções de posturas culturais.



A Equipe da Fundação Elias Mansour esteve em Xapuri no dia de ontem, hoje e permanecerá até amanhã, realizando um planejamento estratégico para as ações culturais neste município, e para o senhor como presidente da Fem, qual a sua expectativa em relação aos projetos de Xapuri e se por ventura já existe alguma definição para o município neste ano de 2008?


A expectativa é que seja bastante grande a apresentação de projetos a serem analisados pela Lei de Incentivo a Cultura, até mesmo pelas discussões que já foram realizadas, apesar de terem sido discutidos numa abrangência reduzida, tendo em vista que teríamos maior efeito numa discussão mais ampliada, como numa Conferência Municipal ou numa instância similar, que pudesse aferir ao setor público a responsabilidade na utilização dos espaços públicos, proporcionando uma participação efetiva da comunidade, interagindo de fato nas expressões que lhes são peculiares e portanto definindo realmente quais são suas reais necessidades das políticas públicas e que possam definir não somente as dificuldades mas a delimitação de como se pode atingir esses desejos, anseios, e essa oficina, esse planejamento do Instituto Chico Mendes com a Fundação Elias Mansour e com o Ministério da Cultura é fundamental pra obtenção dessa realidade e se tornar mais crente para aquilo que o município precisa nessa área de cultura, é um planejamento reduzido por estarem um grupo especifico com a participação do Arte na Ruína e outros partícipes, mas já é um grande passo que abre oportunidade para outras situações que envolvam outras instâncias, setores, poder publico e agentes produtores culturais participem desses momentos, haja visto que a intenção da Fem é fazer com que se busque o que é melhor para o município na área cultural , principalmente na área das políticas públicas de maneira participativa.


Prof. Joscíres Ângelo entrevistou o Presidente da FEM - Daniel Zen após o espetáculo "Ensaio surreal do grito sufocado"do Arte na Ruína.

Por aqui passarão

Foto Val Fernandes

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Arte na Ruína e a memória de Xapuri. "Puta que pariu!! Agora eu".


Sala de Espera
Sala de Espera

Capim, mato, corredor... Urtiga
Coceira gostosa...

Salas
Celas

Gritos e murmúrios no corredor

Me lembro de tentar esquecer

Não dá pra esquecer

Não dá pra derrubar a memória tal qual uma velha parede ruída

Ruína
Arte

Vejo Marte pelo teto estrelado...

Nublado
Vejo Mártir

Conheço Daliana

Pronto, voltei a lembrar de esquecer.

Mas não lembro muito bem do quê.

O movimento leva minha atenção para outra sala
Agora me sinto à vontade

O sujeito do meu lado solta um “puta que pariu!”, assustado, bem baixinho, quase imperceptível e que parecia ter saído do coração.... “Nossa!”, pensei eu, disse o que pensei o que senti (deveria ter dito...).
Depois de um tempo mirando as cabeças e os pés que brotavam do piso da cela, e o sujeito seminu que fingia escultura, um outro, camuflado pelas grades da cela e pela parede descascada começa a recitar um texto, revelando-se como um adereço do ambiente e que aparentemente sempre esteve lá, que viu tudo aquilo que as ruínas testemunharam.
Puta que pariu!! Agora eu. E eram tantos os elementos à meia altura, no chão, que não tínhamos olhado para cima. Fizemos exatamente o que os meninos queriam.

Parabéns.


E fui para o hotel melhor...

Por Fernando Figalli
Diretor do Departamento do IPHAN

Arte na Ruína é notícia "O lugar ficou marcado pelo estigma da omissão e da negligência tão denunciadas pelo próprio Chico".

Ao ser transferida para as suas novas instalações, em 2001, a delegacia de polícia de Xapuri deixou para trás um prédio velho, de onde certamente se ouviu o tiro que abateu Chico Mendes em um dezembro há quase 20 anos. Ao ser transferida para as suas novas instalações, em 2001, a delegacia de polícia de Xapuri deixou para trás um prédio velho, de onde certamente se ouviu o tiro que abateu Chico Mendes em um dezembro há quase 20 anos. O lugar ficou marcado pelo estigma da omissão e da negligência tão denunciadas pelo próprio Chico e ali permaneceu abandonado por vários anos, como um monumento à vergonha e à covardia tão peculiares àqueles tempos. Eis que alguns anos depois, como que movidos por uma chama de ideal que teima em buscar luz em meio às trevas, um punhado de jovens talentosos e determinados a mudar a realidade em que vivem transforma as ruínas do velho prédio em algo a que jamais se propôs em tempo algum e nem poderia, por seu intuito de cárcere: uma fábrica de liberdade e de sonho, que foge das grades da opressão e da intolerância, de uma forma que somente através da arte se pode conceber e explicar. Arte na Ruína é uma manifestação cabal dos valores artísticos, intelectuais e, acima de tudo, éticos e humanos, dos quais Xapuri ainda dispõe, apesar dos tempos inglórios. Uma reação, pacífica e intensa, diante do senso comum de que aqui nada se pode fazer de novo, de bom, de saudável e contraditório. Sim, aqui tem arte e se faz arte mesmo que as portas do museu Casa Branca sejam fechadas na cara dos artistas como ocorreu há algum tempo.
Pensemos que talvez não tenha sido por maldade que assim agiram. Quem sabe temeram os “vândalos da arte”, no dizer de Jeronymo Artur, que nada destroem senão edificam cidadania e saem do lugar-comum para mostrar ao público, à sua maneira, que a realidade pode sim, ser transformada para melhor. Basta querer e acreditar no que se faz, mesmo que o sentido do caminho e o modo de caminhar contrariem toda a lógica e contradigam todo o óbvio.
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Texto do jornalista - Raimari Cardoso
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A cela da dança - Cley e Gino



Fotos Val Fernandes
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Grades e estrelas por aqui, também assistem um dos atos mais primitivos do homem - o movimento pela libertação.

terça-feira, 1 de abril de 2008

"Achei que era mera pichação de vândalos"


Quando cheguei à Xapuri, vi aquela construção em ruínas com os inscritos Arte na Ruína na frente. Achei que era mera pichação de vândalos com o objetivo de degradar a arquitetura da cidade. Engano meu. Não ao todo. Talvez sejam vândalos mesmo, mas vândalos da arte. Pessoas que saem do lugar-comum de museus, praças e teatros e resolvem invadir um espaço tão improvável para fazer e mostrar cultura à comunidade. Entrei naquela antiga delegacia com a expectativa de encontrar apenas um grupo de pessoas, em um só lugar, com uma só história. Tal qual não foi a surpresa ao ver que em cada ambiente haviam pessoas diferentes com histórias diferentes, talvez apresentando em comum um mesmo ideal: fazer arte. Fiquei feliz em ver tantos jovens de Xapuri unidos através de algo tão importante e tão construtivo para toda sociedade. Ainda mais fazendo parte do Coletivo Catraia em Rio Branco, que busca essa mesma integração e difusão de cultura. Espero, sinceramente, que esse projeto siga em frente, pois educa, motiva e cativa cada uma daquelas oito pessoas que entram ali por vez. Uma verdadeira obra de arte, iluminada por velas, sob um teto coberto de estrelas.


Parabéns e um grande abraço!

Jeronymo Artur

Estagiário/Assessoria de Imprensa FEM Gestor do Núcleo de Comunicação do Coletivo Catraia

Amarildo da o sinal e Clenes Alves conduzirá os olhares atentos para uma viagem ao desconhecido mundo do seu interior. "sou jovem"





Fotos Val Fernandes


Não seria estranho que este ator,
Se não vivesse uma ficção, um sonho de paixão,
Pudesse obrigar sua alma a servir-lhe apenas à vaidade?
Que essa atuação fizesse empalidecer seu rosto,
Surgirem lágrimas em seus olhos, dar-lhe aspecto perturbador,
Entrecortasse sua voz, e todo o exterior se adequasse
À sua fantasia? E tudo isso por nada?
Por Hécuba!

Shakespeare, HAMLET