O senhor poderia nos falar um pouco sobre a intervenção da juventude de Xapuri em poder obter um espaço pra que suas expressões artísticas de fato sejam resguardadas na cultura de Xapuri e do Estado do Acre. E qual a importância dessa intervenção, da juventude no espaço da antiga delegacia de Xapuri?
Olha! Eu Fico super feliz de ver Arte na Ruína, eu ate tinha pensado que agente poderia transformar essa delegacia num museu, num museu mais vivo, que pudesse contar um pouco da historia dessa delegacia, não sei se todo mundo sabe, mas essa delegacia aqui, já ficou abarrotada de seringueiros, num dos empates importantes. Aqui ficou o Raimundão, Manoel Estebio, uma turma bem grande ficou presa e precisou um grande movimento pra libertar todo o pessoal daqui, o Chico tava sempre presente também, intervindo lutando contra as injustiças. Eu mesmo também fui hospede dessa delegacia, em 87 quando o prefeito estava desviando a merenda escolar, eu fui denunciar e acabei preso na delegacia, depois de uma pequena discussão com o prefeito e ele mesmo me prendeu e eu fui hospede daqui dessa delegacia.
Eu acho que, ela tem uma historia muito interessante a ser contada, e melhor assim pelos jovens, por que hoje ela esta em ruína, graça a deus. É algo que deve ficar no passado, num passado não só o prédio, mas essas historias devem fazer parte do passado, a historia da injustiça que aconteceu com muita força nesse espaço, ela agora é contada de outra forma e ela também pode ser transformada.. Então eu não sabia que vocês estavam usando e eu fico muito feliz por isso, de saber que nas celas agora há gente, tem uma vida renascendo, com o cinema com o teatro, com as varias formas de expressão.
Então, eu quero desejar a vocês muita sorte neste projeto, quero que renda muitos frutos e filhos, por que acho que o Acre hoje esta vivendo um momento interessante porque La nos anos 70 e nos 80 um grupo de jovens começou a fazer teatro, começou a fazer cine clube isso foi que ajudou a criar uma identidade de povo acreano, nos 70 quando o Dantinhas era governador ele queria acabar com a tradição, com a identidade da floresta, o slogan era um novo Acre, derrubava doto o patrimônio arquitetônico das cidades acreanas que lembravam o passado e foi justamente o movimento cultural dos jovens que resgatou uma identidade de índios, de seringueiros, de floresta e de Amazônia que permitiu a construção de um movimento que hoje esta se transformando em coisa interessantes em vários lugares do Acre que repercuti no Brasil e ate no mundo.
Parabéns pra vocês, eu espero que este trabalho tenha vida longa.
Em nome dos jovens que estão fazendo essa intervenção, fica o convite de coração, para que o senhor possa vir assistir o Arte na Ruína.
Legal, e eu vou convidar parte das pessoas dessa historia que eu te contei dos artistas que fizeram a confusão Lá nos 70 e 80 virar isso que temos hoje, vou convidá-los pra virem aqui, pra poder ter o prazer de vê-los aqui.
Parabéns...